Pau-d'arco-amarelo. Sítio São Pedro. |
as árvores caminham
como grandes arcas,
repletas de seres noturnos e fantásticos.
Alta noite,
as árvores se desenraízam
e banham-se nas águas dos rios
cantando em festa.
Longe do olhar dos homens,
elas se desenraízam
e caminham sobre as águas como espíritos.
Depositam em cada canto
os seus grãos.
Acordai alta noite
e verai:
à tua janela vazia
caminhando,
escondendo-se nas esquinas,
clandestinas, lá se vão
grandes árvores na escuridão.
Não vão em bandos, como um rebanho.
Vão sozinhas.
Cada uma, cada uma.
Como lobos,
vão minguando
e vão minando tudo.
Pouco a pouco, grão por grão.
Vão tramando em silêncio a insurreição.
Não há pressa,
as árvores são eternas.
Não te assusta
se acordares no meio da madrugada
e vires uma dessas árvores,
como um fantasma pela estrada
a caminhar.
Caminhando, vem e vão.
Vão tramando a insurreição.
O vento sussura,
- Motim é fazer poemas.
Léo Mackellene
O Livro das Sombras
Nenhum comentário:
Postar um comentário