28 de jul. de 2016

Querido Parceiroamigo



Querido Parceiroamigo 
Wilton, 

viro-lhe do nome uma letra 
e mil tons aparecem: 
verde-jardim, marrom-terra, 
bege-rede, lá em  si sem  dor. 

Tons  sãos  são  dom  de  ser  som. 
Matos tomas tom sem mas ... 
Oui: mil  tons  de paz.  

Henrique Beltrão

Tempo Para Tudo (2014)


Tempo, essa abstração tão valiosa nos tempos multicoisas de hoje. Eu sempre digo e repito que viverei 400 anos para conhecer um pouco do que desejo e o que ainda vou desejar da vida. Mas, nem posso reclamar do tempo, porque aprendi milagres ao admirá-lo. Os amigos são raros quando o tempo é escasso embora o dia tenha sempre a mesma quantidade de minutos. E vamos seguindo que o tempo não para, desde que haja pilha no relógio.

Tempo para Tudo
Wilton Matos / Henrique Beltrão

É preciso tempo para tudo.
É precioso o tempo para nada.

Precioso é o tempo para nada.
Tempo para andar por andar
Sem destino.
Tempo para flautear
Gosto de todo menino.
É preciso tempo
Para brincar com os filhos.

E conversar com os amigos
E esquecer o tempo.

Jornada de Prata (2012)


Esta canção é uma homenagem aos 25 anos da carreira do cantor, compositor, poeta e pesquisador Pingo de Fortaleza. Idealizador e fundador do Maracatu Solar é incansável quando o assunto é maracatu. Muito do que sei dos maracatus do Ceará é por conta da pesquisa e a difusão desse conhecimento popular registrado nos livros e movimentos desse tirador de loa.

Jornada de Prata
Wilton Matos / Henrique Beltrão

Epababá, na paz de Oxalá,
Eu agradeço a quem escutar.

Minha vida: jornada de prata.
Tanto encontro a cada canção!
Beira-mar, riacho e cascata...
No mesmo compasso, cidade e sertão.

Minha vida: jornada de prata.
Meu caminho é sempre buscar.
Canto sempre de alma encantada,
Dançando com gosto e corpo solar.

Minha vida: jornada de prata.
Quero festa, trabalho e chão.
Peito pulsa, a viola acata
Maracatu, balada, e baião.

Nossa vida: jornada de ouro.
Esta platéia é meu grande tesouro!

Cobra Verde

Cobra verde (Philodryas olfersii)



Quando cheguei no Projeto Caminho, o seu Manuel já foi dizendo que tinha algo para eu resolver. Uma cobra verde tinha caído no tanque da água da horta e não conseguia sair. Ele não teve coragem de tirar mas também sabe que se matar ia ter que me dar alguma explicação. Tenho falado bastante na importância da preservação e no convívio com as serpentes. O Caminho fica num ambiente com muita natureza e nos cabe aprender a conviver com seus moradores.

Bem, fui lá no tanque para ver como poderia ajudar a cobra. Primeiro tirei algumas fotos para registrar esse verde que impressiona. Ela fez até pose. Senti que ela estava um pouco estressada e não aceitou o pedaço de pau como alternativa de fuga. Para não deixar ela ali com medo de alguém matar fiz a imobilização conforme aprendi na oficina de manejo de serpentes com a equipe do NUROF -UFC, Castiele que orientou o manejo correto.

A cobra verde é bem ágil. Então, é preciso bastante cuidado para não levar uma mordida. Ela possui presas no fundo da boca (epistóglifa) capaz de inocular um veneno que não apresenta riscos maiores para os humanos. Se alimenta de repteis, aves, pequenos mamíferos e anfíbios. Esta última opção do cardápio é que fez ela cair nessa armadilha do tanque.

Saiba +
Sobre a biologia da cobra verde: Philodryas olfersii


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23 de jul. de 2016

Maribondo-de-chapéu (Apoica pallida)

Maribondo-de-chapéu (Apoica pallida)

Encontramos esse lindo e perigoso chapéu logo acima de nossas cabeças no Sítio São Pedro. O maribondo-de-chapéu como a maioria das espécies possuem uma picada dolorosa e dependendo da quantidade pode até matar. Melhor mesmo é manter esse chapéu bem longe de sua cabeça e do resto do corpo.

Os maribondos são predadores de cupim, lagartas, formigas... Em alguns casos capturam as aranhas para pôr seus ovos dentro dela que irá virar comida quando as larvas nascerem. Mesmo com esse histórico devem ser preservados pois são excelentes polinizadores. No caso de ter que retirar a comeia veja a dica no vídeo como fazer sem ter que matar o inseto.



Saiba +
Maribondos

22 de jul. de 2016

Adios Ateo (2005)


Versão em castelhano de Adeus Ateu. Karina Santelli, cantora uruguaia que passou por Fortaleza para conhecer um pouco de nossa cultura e deixou esse regalo.

Adios Ateo
Wilton matos / Alan Mendonça
Tradução: Karina Santelli

Tengo tanto para decir
Si tu lo querés oir
Si tu quisieras hablar
Otra vez

Por mí
Todo bien
Por mí...

De lo que somos y fuimos
Estamos muy lejos
Llegamos muy lejos

¿en cuál lugar?
¿voy a parar, voy a sentir?
Otra vez volver
Otra vez pedir

Soy ateo al adiós
De mí
Pediré por mi

A dios
Otra vez
Otro fin

Lia de Lia (2009)


Uma homenagem e uma brincadeira poética com a semântica do nome de Lia Veras. Compositora e cantora de voz doce, suave e certeira. Minha professora de canto em algum momento da vida de artista e parceira de palco em raros mas em significativas apresentações.

Lia de Lia
Wilton Matos / Alan Mendonça

Ô lia de vera
Dos versos que eu lia
Pra Lia cantar

Ô Lia espera
Que nos versos que eu lia
Eu ia voltar

Voltar nos versos que lia
Pois lia de vera
Deveras sabia
Que lia meus versos
Pra me encantar

Eu cantava o que Lia
Lia por cada janela
E lia nas vias dos ventos
Que eu ia nas velas
Saltando dias e sendo
O que lia nas telas
Aquarelas pra lia

No verso do dia
Num verso que eu lia
Pra lia voltar
E num verso que eu lia
No verso do dia
Lia que me lia
Já ia chegar

20 de jul. de 2016

Preservação de Nascente

Nascente do Sítio São Pedro

Uma das questões fundamentais na hora de adquirir um terreno é a soberania hídrica no local. Além de existir uma fonte de água, ter a garantia da qualidade e preservação. Eu e o pai batemos forte nessa tecla até encontrarmos o Sítio São Pedro. Tivemos o cuidado de observar inclusive o entorno para garantir a ausência de contaminantes por práticas indevidas. 

Dos terrenos que vimos na Serra de Maranguape e Aratanha praticamente todas não praticavam a preservação. A captação feita de forma improvisada contamina a água com matéria orgânica e dejetos de animais nativos ou de criação. Muitas árvores exóticas e bananeiras prejudicando o afloramento da nascente.

Situação que encontramos a nascente

Resolvemos então cuidar das nascentes do Sítio São Pedro. São cinco olhos d'água com uma boa vazão. Com a ajuda dos amigos (os véis) conseguimos implantar esse sistema de captação que inclui um filtro de pedra, tubulação para água de serviço, um dreno de limpeza e um extravasor (ver videos). Além de dar qualidade para a água permite a continuidade do fluxo de água da nascente. 

O que ainda falta é a substituição da vegetação exótica e das bananeiras plantando as nativas como o angico, pajeú, cedro e outras espécies da região.

Água é vida! E nesses tempos de seca é prioridade maior.

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Video que mostra todo o processo.

Roteiro da Agrofloresta Caminho

Foto presença.

O encontro deste dia foi para visualizar o processo de implantação da agrofloresta, o conjunto de atividades e recursos necessários para alcançarmos a celebração da colheita. Começamos com o ritual do abraço pelo dia da amizade e o dia do amigo. Momento também para acolher e conhecer as pessoas que estão chegando para participar. 

Vimos todas as etapas da agrofloresta. Análise, planejamento, preparação, plantio, manejo e celebração. As dúvidas vão surgindo e as soluções também. Em cada etapa há sempre pessoas com conhecimentos específicos que podem contribuir mais com o processo. A agrofloresta agrega conhecimentos diversos sobre solo, plantas, clima, astronomia e aos poucos vamos compreendendo e simplificando a conexão desses saberes. O próximo encontro vamos dar início ao roteiro com a etapa de Análise.

A fotografia é a lista de presença da agrofloresta de pessoas que se forma no Caminho. Manuel, Hugo Theóphilo, Sandra Helena, Lise Mary, Rosa da Fonseca, Francisco Célio, Vanda Maria, Jonathan, Ana Maria, Raimundo Matos, Marilac, Ana Patrícia, Letícia, Silene Gonçalves, Hermano Filho, José Pitaguary, Etelvina, Hermano Custódio, Ronaldo Rogério e Wilton Matos.

18 de jul. de 2016

É Saudade, Sim Senhor (2012)


É Saudade, Sim Senhor
Wilton Matos / Jeffeson Portela

É saudade sim, senhor!
É vontade de te ver meu bem
É amor que vai além
Das lendas do criador

Uma nau que naufragou
Na saudade e fez assim de mim
Lida que não tem fim
Meu peito virou tambor

Por você que está distante
E está a todo instante
Aqui tão dentro de mim

Vem, me tira desse sem fim
Me leva à tua aurora, agora
Me faça tão seu, vambora
Só basta dizer que sim

Sofia (2012)


Sofia
Wilton Matos / Rafael Martins

Depois da espera
A primavera
Em seis de abril
Abriu-se a flor
De cor sutil
Sarou a dor

Desta espera, dos anos sem ti
Desde sempre eu te busco, Sofia
E buscando chegamos aqui
No lugar que o destino queria

Eis que surge da grande barriga
Esta flor que não tem outra igual
O cordão tão plural que nos liga
Flor de Holanda, Brasil, Portugal

15 de jul. de 2016

Meu Maracatu (2015)


Essa loa embalou o cortejo do Maracatu Az de Ouro em 2016 na avenida Domingos Olympio. Baseada no documentário Tapuias e Abaunas na Terra da Luz de Becca Lopes que mostra a luta dos povos indígenas e dos negros africanos no Ceará. Composta na travessia das maiores secas do Nordeste.

Meu Maracatu
Wilton Matos
Loa 2016 Maracatu Az de Ouro

Meu maracatu
Faz danças de luas no terreiro
Gira ó meu Az de Ouro
Gira no tempo o balaio
Tapuias e Abaúnas
no ventre do céu
liberdade num raio

Canta todo índio canta
Canta negro pra se libertar
Canta todo mundo canta
Feito passarinho quando quer voar

Vem no compasso da dança
e no esquadro do maracatu
Dragão do mar chegou de jangada
Chegou pela praia desse mar azul

Desce santo, desce orixá
No terreiro do meu coração
Também chegou deus tupã
Com a flecha da libertação

A seca atravessa a vida
Onde passa trinca o chão
A nossa história não termina aqui
Sem amarras esperança no trovão

A Rosa é a Rosa (2014)


Companheira Rosa! A trajetória dessa grande mulher é conhecida por todos e eu tive a oportunidade de me aproximar da sua pessoa em meio a histórica ocupação do Parque do Cocó em 2013. Esta ciranda traduz muito do que a Rosa é e representa, mas a convivência revela muito mais ternura, inteligência e vontade de fazer um mundo mais humano.

A Rosa é a Rosa
Wilton Matos

Lá vem a Rosa vem
Na ciranda, na canção
Construindo um mundo novo
E brotando emancipação

Esse jardim é alegria em Fortaleza
Tem força e delicadeza e raiz em Quixadá
De lá pra cá trouxe energia inesgotável
Ela sempre é incansável e nos chama pra lutar

Sua presença é na rua, é na luta
E nem mesmo a força bruta vai fazer ela parar
E protestar contra essa exploração
Toda forma de opressão ela vai se indignar

E não aceita perder nossa juventude
Pela falta de atitude nesse nosso Ceará
Vai encarar e pra isso tem coragem
De enfrentar a bandidagem que só quer nos enganar

Na sua alma tem as marcas da tortura
Combateu a história impura que foi o Golpe Militar
E como está o presente não aceita
O futuro ela ajeita quando começa a sonhar

E hoje a vida é celebrar a liberdade
Com toda afetividade que nós temos parar dar
A Rosa é a Rosa e se ela é radical
Faz uma festa com sarau para o mundo cirandar

13 de jul. de 2016

Visita às Comunidades do CEU


O curso de Jardim Comestível parece que ainda está longe de terminar. Tirei o dia para visitar as comunidades que participaram e ver as sementes germinando por todo o condomínio. Visitei o Intervalo, Novos Horizontes e a Igreja do CEU, ainda falta a Toca de Assis. É muito interessante conhecer a realidade de cada projeto e ver como vão se resolvendo na produção de alimentos. Vi tomate, alface, pimenta, cebolinha, coentro, quiabo... além de frutíferas como sapoti, limão, coco, condessa, ata... Partindo das práticas realizadas no curso houve iniciativas de se fazer compostagem, minhocário e produzir mudas nas comunidades. Também encontrei um sistemas de irrigação que agiliza muito as atividades que serão cenas dos próximos cursos.

Visitas assim clareiam as novas propostas e possibilidades de cursos para apoiar o que já está em processo no CEU. E hoje tive a companhia do meu pai, Raimundo, que acredito que não vai mais deixar de ir. É que o CEU é cheio de encantamentos e afetos que cativam quem chega por lá.

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Bananeira Curuda, Meu Poste com Luminária


Quando @s amig@s entram no condomínio, nem precisa perguntar qual é a minha casa ao porteiro. Para facilitar instalei um poste com luminária ao meu estilo. Milimetricamente ajustado para a luminária cacho-mangará ficar de perfil com a casa. Essa bananeira curuda é sucesso! É a musa do momento, cientificamente falando. Os arapuás de dia reversa com os morcegos a noite na polinização para formar as bananas. Já estou pensando nas receitas, sorvete de banana, banana assada, biomassa, bananada (só quem é do Ceará é que sabe)... e por aí vai. Servidos?!

6 de jul. de 2016

Plantio na Ocupação da Escola Walter de Sá Cavalcante


Para plantar árvores tem que acordar cedo. Se demorar muito o Sol chega esturricando o juízo. Quando cheguei os alunos ainda estava no processo de acordamento. Consegui autorização para entrar e dar uma volta na Escola. Impressionante o tanto de espaço ocioso pedindo árvores, hortas e florestas. Ainda que tenham algumas árvores, estão descuidadas ou mal posicionadas. Falta inteligência e conhecimento na escolha e no manejo. E a atitude dos alunos de começar o plantio é nobre e precisa de continuamento. Na escola deveriam ter pitombas, cajás, cajaranas, siriguelas... a cozinha podia estar ligada a uma composteira para reciclar os resíduos orgânicos e gerar adubo. Enfim, tem mais integração com a natureza já existente.


Depois do acordamento e o lanchamento fizemos uma roda de conversa. Falamos da situação na ocupação da escola, das dificuldades de mobilização e a relação com o Governo.  E sobre árvores rolou a brincadeira que mostra um pouco da diversidade que podia ter na escola. Listamos 50 árvores, mas podia ser muito mais. Dicas de filme como O Homem que Plantava Árvores para inspirar e dar coragem quando se é pouco. Basta uma semente para transformar.

E vamos plantar. Usamos canteiros abandonados dentro da escola para fazer os berços e ocupá-los com um oiti e uma munguba. A missão agora é cuidar. Cuidar das pessoas, da escola e da sombra que vai chegar naquele espaço.
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