28 de jun. de 2016

Jardim Comestível - Última Aula


Hoje foi o último dia do curso de Jardim Comestível no projeto Caminho. Foram dois meses de troca de conhecimentos, livros, sementes e afetos. Uma amizade que nasceu com o jardim e agora só vai crescer e florescer.

Nesse tempo vimos os tipos de jardins no mundo e criamos o nosso próprio, os tipos de solos, compostagem, podas, os tipos de plantas com o objetivo de conhecer as medicinais e comestíveis com suas utilidades. Novos Horizontes, Anspaz, Toca de Assis, Intervalo, Igreja do CEU, voluntários e caminheiros do Caminho foram as entidades do CEU (Condomínio Espiritual Uirapuru) que enriqueceram nossas aulas com as várias visões de humanidade e natureza dentro desse espaço.

O curso de Jardim Comestível foi uma semente que dispersou nos vários jardins desse Condomínio. Agora vai florescer o ser divino que está dentro de nós. Parabéns a tod@s, muito grato pela colaboração, afetos, abraços e carinho durante todo o processo. Gratidão a equipe do Caminho e a equipe do Luz Solidária da Coelce que patrocinou o curso dentro do projeto Tempo de Ser Caminheiro. Em agosto teremos mais, o curso de Viveiro de Mudas. Até lá!

24 de jun. de 2016

Teto de Estrelas (2014)


São tantas canções para Yemanjá mas essa é como deslizar num barco sob teto estrelado. É festa num oceano tranqüilo e acolhedor. Um pérola numa concha do mar. Essa, meu "Pai Aluísio" do Afoxé Obà Sá Rewá, estava inspirado.

Teto de Estrelas
Wilton Matos / Aluísio Ti Aganjú

Deixa meu barco partir
Deixa na onda eu seguir
Canto pra mãe Yemanjá
Canto nas ondas do mar

Brincar com as sereias
Viver a certeza do seu amor a mim

Como é lindo navegar
Sob um teto de estrelas
E um espelho de luar
É doce viver no mar

Pedido (2009)


Essa canção é encomenda, um pedido ao poeta. De transformar o amor não correspondido em roda de capoeira num solução pra alma. O capoeira leva rasteira e cai de pé. Tudo bem que até se levantar fica triste, chora um rio, ou pior chora um mar. Até a câmera encheu os olhos d'água. Ê camará! Yemanjá acolhe em seu braços de água um filho seu que carece de cuidados.


Pedido
Wilton Matos / Alan Mendonça

Capoeira triste
Não quer mais jogar
Vive num arrevixe
Com os olhos em riste
Pra esse lado de cá

Do outro lado do rio
Do rio que é nosso mar
Capoeira com frio
No relento a esperar

Capoeira tão bravio
Já chorou de se alagar
Querendo ver teu brilho
Do outro lado de lá

E a areia do rio
Já até sentiu a falta
Do jogar de pernas a fio
De quando foi batizada

Pedido só vim rogar
Berimbau de azeviche
Num não poder jogar
Pois o capoeira triste
Era de mim o meu par

E carece, teu filho
Dos braços de iemanjá
Pois mesmo sendo de rio
Capoeira chora um mar.

Pedido só vim rogar...

20 de jun. de 2016

Ciclovida

Bicicleta de carregar véi ou véia. Majari, Clarissa Nobre, Wilton Matos e Geov.

Quando plantamos sementes de luz a colheita é imprevisível mas certamente iluminada. Plantei pau-d'arcos afetivos e colhi um final-de-semana de inspirações de vida. E minha colheita foi conhecer o Ciclovida em Petencoste que prima pelas sementes caboclas, as sementes do coração, as sementes da mãe natureza e tudo que fortalece essa ideia. Caí feito semente alada nesse terreno fincado no assentamento Barra do Leme. Tudo é inspiração! As paredes com as mensagens certeiras para um mundo viável e sustentável. As construções que erguem paredes de terra e acolhem os viajantes planetários. A agrofloresta que dialoga com os espinhos da caatinga em busca de uma resposta para a convivência com a sequidão do sertão. É preciso plantar água! Não faltam perguntas e nem estiagens. Nem faltam respostas para a resistência, resiliência e insistência de dizer que ali a vida é possível e se sustenta.

As pessoas deste lugar inspiram. Inácio e Ivana são seres de muita luminosidade. Irradiam alegria, esperança e ensinam em suas atitudes que a beleza do mundo está em nossas mãos. É o simples ato de plantar, colher, abraçar, ajudar, celebrar, tocar, cantar... simplesmente. As pessoas quando estão neste lugar logo se inspiram. E as diferenças são oportunidades de tornar a convivência mais humano-diversa seja na música, culinária, idioma, pintura e poesia. E tudo é fluxo!

Banho de açude, roda de coco ciranda e maracatu, cordel, mutirão no canteiro, almoço cozinhado no coletivo, reunir para realizar projetos, recital dramático do auto do boi, lua cheia, pôr-do-sol, festejos de geminianos (Ivana, Manjari e Alisson), bolo de milho e batata, filhotes de cobra... E não podia faltar um passeio de bicicleta pra carregar sementes de saúde, paz, alegria, amor e felicidade no ciclo(da)vida. E ainda peguei garupa com Inácio na sua nova invenção. Uma bicicleta adaptada para levar seu pai até a Paraíba. É muita alegria!

PS. Grato a Manjari por abrir a porta para eu chegar nesse paraíso. Cumaaaade!

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18 de jun. de 2016

Mutre

Mutre (Aloysia virgata)

Mutre é um vidro de perfume aberto no jardim. Um arbusto que ocupou uma parte do meu canteiro mas que não me deu arrependimento. Passa o dia soltando um cheiro adocicado de amêndoas. As abelhas, borboletas e moscas fazem a festa. Muitos insetos que eu jamais tinha visto aqui no meu jardim. Como tenho um pequeno meliponário espero melhorar a produção de mel com o mutre. Tem aranhas brancas que se camuflam nas suas flores e plantam o terror na festa dos insetos. Facilmente pega de galho. Ela é nativa do Sul do Brasil e é conhecida como cambará-lixa. No Sul só florece na primavera mas aqui no Nordeste ela flora o ano todo.

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17 de jun. de 2016

Coração Brasileiro (2006)


Mais que um retrato essa música traz a presença do cerrado brasileiro aos olhos da imaginação. E quando se esteve lá na Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso, é que não se concebe a música sem o lugar e vice-versa. Cuidemos da natureza para os nossos filhos e a quinta geração! Pois, há tempos ela reclama amor e cuidado quando já não há mais tempo.

Coração Brasileiro
Wilton Matos / Alan Mendonça

Quem foi que viu arara canindé
Quem sabe dizer como é
Ema fazendo ninho

Fogo queimou cupinzeiros
Fogo cegou os olheiros
Espantou lobo guará Ah!

O coração brasileiro
Reclama amor e cuidado:
“Ô vento, apague esse fogo
Me faça esse gosto, esse agrado
Pra que meu filho amanheça
Nas asas da natureza
E conheça o meu cerrado”

Pequizeiro, um cheiro de mato
Floração no coração do cerrado
Quem fugiu das margens desse rio?

Algodão, barbatimão, joão-de-barro
Branco, campo, campeiro, descampado
E quem não fugiu do fogo a fio!

Fugiria o ipê se tivesse pé pra fugir
E levaria butiá nas veredas de buriti
E diria o cerrado todo queimado “me tira daqui
Ou apaga esse fogo que a fumaça me faz tossir”

E se morrerem os rios
E se secarem os vales
E se estiver por um fio
Num fogo que nem me fale.

Tão Brasileirinho (2004)


É um retrato da melhor época do ano. Festas, forrós, quadrilha junina, muita comida. É a festa do milho! Seja assado, cozido, cuscuz, pamonha, canjica... é tudo bom demais. É bricadeira, é devoção e superstição em volta da fogueira. Onde a esperança se renova com os santos para quem é de santo. E haja promessa! Esse é o nosso São João.

Tão Brasileirinho
Wilton Matos / Alan Mendonça

Passo pés sobre o braseiro
É brasileiro Meu São João
E ninguém toma minha fogueira
Minha brincadeira, Minha devoção
Vou arrumando todo o terreiro
Espalhando um cheiro de recordação

Dançando ao redor do fogo
Nos olhos do novo
Eu quero o meu São João. Eu quero o meu São João.
Eu quero o meu São João. Eu quero o meu São João.

Na festa da fertilidade
Quero a felicidade por todo meu chão
Pois a vida tem seus parafusos
Seu balancê confuso, sua desilusão

Mas ninguém tira minha alegria
Meu dançar quadrilha, meu céu meu balão
Todo o meu povo se colorindo
Tão brasileirinho é meu São João

12 de jun. de 2016

Jardim da Vivenda

Wilton Matos, Bento e Ivone.

Ivone é uma estilista que faz magia com os tecidos. Fiz uma visita para encomendar novas bolsas, meus embornais de pano de rede. Mas, como entrar na Vivenda do Sossego e não se encantar com o jardim? Harmonioso, diverso e aconchegante. 

Entre as plantas passavam a todo momento borboletas, sibites e beija-flores. Um trânsito mais interessante que o da rua e ainda com seus cantos desengarrafados. De fora a dentro a casa é repleta de plantas. Flores, cactos, suculentas e frutíferas. Ainda ganhei uma romã para curar minha garganta. Uma peneira de pedreiro é moldura perfeita para pequenos jarros. Alguns organizados como uma coluna vertebral para que a rega de um fosse aproveitada do que está logo abaixo. Água hoje tem mais valor.

Esse jardim, por vezes, é um palco. Um bom costume da família é reunir amigos e entre eles grandes artistas de Fortaleza para saraus que combinam organicamente com o cenário. E como todo jardim tem história a Ivone contou uma. Ela, sentada calmamente, lendo um livro entre o verde das plantas, passa uma senhora na rua e para em seu portão. Esbaforida do calor implacável da rua pouco arborizada, diz sonoramente: "Que inveja da senhora!". Como nunca se sabe se a inveja é da cor branca é prudente um pé de arruda ou pimenteira na entrada da casa.

Bem, já espero voltar lá para tomar uma água com rapadura sentado numa cadeira no meio desse jardim. Dá uma inveja né!? 

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Dentro de Nós (2006)


Dentro de Nós
Wilton Matos / Alan Mendonça

Nada de pressa
Ainda há tanto
Pra se tocar, cantar
Em cada canto
Um olhar

Sem passado ou futuro
Meia luz, quase escuro
Claridade em sóis
Sustenidos
Suspiros
E dentro de nós

Ata, desata
Marca
Lençóis
Ato no duro
Sussurros
Indefiníveis
Indizíveis promessas

Nada de pressa
Deixa estar
Deixa desaguar
Deixa que o amor
Chega devagar
De vagar...
De vagar...

10 de jun. de 2016

Lagoa da Lua (2004)


Canção dos amantes, da lua, da chuva e tudo mais que é preciso quando se mira o céu em noite de Lua cheia. Nessas noites é certo eu pegar o violão e dedilhar esse mantra. É meu primeiro maracatu cearense. Minha alma se pintou de negrume e meu coração faz a marcação do bumbo desde então.



Lagoa da Lua
Alan Mendonça / Lenine Rodrigues / Wilton Matos

Lagoa da lua
Vem dizer
Que a chuva já vem
Vem me chover

Lagoa branca
Que ilumina meu céu
Me põe na dança
Desse carrossel

Me arruma pro amor
Me banha de cheiro
Me penteia os cabelos
Que a chuva chegou


Alma (2005)


Essa canção foi tema do show "Minha Alma Sem Fronteiras"que circulou em Fortaleza. A letra é uma obra prima do poeta Alan Mendonça que dispensa comentários.

Alma
Wilton Matos / Arilo Vasconcelos / Alan Mendonça
Violão Eagle cedido por Hugo Theóphilo

Minha alma sem fronteiras
Vai juntando estrelas
Em cada lugar

Vai plantando abrigo
Do poema o trigo
Pra se lapidar

Alma feito correnteza
De entregar-se inteira
Ao amanhã será.

E animar toda beleza
Índia nordestina negra
A verdejar
o mar

Minha alma faz canções
Aos grandes sertões
Em cada Ceará

Minha alma é de repente
É espalhar semente
E se patativar

Minha alma cria danças
De pousar lembranças
E se recriar

Minha alma lua calma
Vento e madrugada
Vivendo
la libertad

Monumento (2010)


Monumento é a vida dinâmica, orgânica e mutável a todo instante. Somos esse monumento divino que ama, sofre, cria e recria e enche de esperança a sua existência. A arte, ela é o resgate disso tudo que somos e precisamos não deixar de ser.

Monumento
Wilton Matos / Alan Mendonça

Pelos alto falantes da praça
Refaço toda a história
Do que nunca acaba
Ou é ida sem volta
Seus olhos são monumento
De alguém desconhecido

E entram no pensamento
Descarrilhado dos trilhos

Eu crio outra história
Na busca do monumento
Pra não ser ida nem volta
Te cravo no pensamento
Mas desapareces na dança
Do tempo triste e rápido

E tudo vira lembrança
Nesta canção que refaço

Pelos auto falantes da arte
Espalho a nova notícia
Velho amor volta e parte
Nos aluás maravilhas


8 de jun. de 2016

Jardim Comestível - Aula 5


Chegamos a nossa aula 5, sempre aparecendo gente nova para somar e multiplicar. Hoje tivemos um pouco de teoria e bastante prática. Aprendemos sobre os solos arenosos, argilosos e o Ph. Concluímos os desenhos dos canteiros criados a partir da observação dos padrões da natureza e a correção do solo com calcário. Depois do lanche servido por nosso anjo da cozinha, a Gil, ainda colocamos em atividade nosso minhocario. Interagimos com lagartas jamais encontradas. Sinal que ainda temos muito que aprender e conhecer com a infinita natureza.

Fotos: Wilton e Lidiane